quinta-feira, 28 de novembro de 2013

E sobre as Obras e sobre a Câmara de Cascais - Intervenção do BE na Assembleia Municipal em 27-11-2013


Srs. Presidente e membros da Mesa,
Sr. Presidente da Câmara, Srs e Srªs Vereadores da Câmara e membros da Assembleia Municipal,
Estimados munícipes presentes,

Muitas têm sido as ocasiões em que o assunto OBRAS foi aqui trazido.
Porquê? Será que as pessoas não querem melhorias? Será que as pessoas preferem viver num ambiente deteriorado a ter de suportar obras à sua porta, como já tem aqui sido sugerido?
Claro que não será essa a causa da indignação geral!
Mas sim porque cada obra demora sempre muito mais do que seria necessário, causando espanto nos moradores pela repetição do: “esburaca - tapa”.
- Porque é que passadas poucas semanas da inauguração da renovada Rua de Cascais em Alcabideche as obras se mostraram tecnicamente inadequadas?
- Porque é que umas chuvadas provocaram os buracos visíveis?
- Quem aprovou o projecto? Quem definiu os materiais a utilizar, saberia que Alcabideche tem ribeiras agora subterrâneas? Que qualquer obra realizada com a tecnologia do séc XXI, terá de garantir a solidez dos terrenos, que não basta areia? Que é preciso escoamento adequado? Que o escoamento de  águas das casas não pode ficar abaixo do nível da estrada?
- Porque é que há vários desenhos sobrepostos de zebras para peões? E porque estão barradas com pinos as passagens destinadas a cegos?
Afinal estamos a falar de obras protocoladas entre a Câmara e as Águas de Cascais!
E quando é que se instala a boa prática de fazer as obras públicas em conjugação com as Pessoas, com as Juntas e Assembleias de Freguesia? Muitas frases feitas sobre a Participação e pouca coerência.



Tudo isto demonstra o que aqui falta neste concelho:

Coordenação. Planeamento e Fiscalização. E ouvir REALMENTE as Pessoas.

A quem compete a coordenação das obras no espaço municipal? À Câmara Municipal.

É evidente que há obras indispensáveis, é evidente que podem existir divergências sobre as mesmas. Mas mais evidente ainda é ser a Câmara Municipal a responsável pela coordenação dos serviços e empreitadas, pela minimização dos impactos negativos, pela fiscalização dos estudos, dos projectos e das obras no espaço público.
E a Participação dos cidadãos não pode ficar só nos chavões desta Câmara! O executivo tem de encontrar meios para ouvir as pessoas e integrar as suas várias necessidades nos projectos, a bem da comunidade.
Portanto, vimos aqui pugnar pelos seguintes Princípios: Respeito, Coordenação e Fiscalização.
A realidade económica já é difícil. É a perca de poder de compra. É a diminuição dos salários. É a carga insustentável de impostos e despesas de manutenção. É o IVA na restauração inacreditavelmente mantido a 23%. É a falha nos pagamentos a fornecedores, até desta Câmara, a aumentar em bola de neve as dificuldades económicas das pequenas e médias empresas no concelho. É a concorrência desleal com as inúmeras grandes superfícies fixadas ao longo do concelho. São as dívidas a acumular, as lojas a fechar e os empregos a desaparecer.

E como é que uma atitude de inépcia camarária contribui para piorar as coisas? Para dificultar a vida a quem, com tanto esforço e sacrifício, tem tentado manter lojas e pequenos estabelecimentos a funcionar?
Muitos já encerraram. Basta passar pela Rua Carlos Anjos e verificar a quantidade de lojas vazias. Ou ir ao pequeno centro comercial ao lado do GIPA, na Amoreira onde moro, para assistir à desolação da vida de um bairro. Ou ir ao centro de Alcabideche e ver os restaurantes sem clientes, por vezes com menos empregados e com salas fechadas.

E é quando uma das causas desta depressão social e económica, dos centros das localidades que se queriam vivos, são as obras prolongadas, a ponto de contribuir para o fim de postos de trabalho, que nós nos indignamos.
E também nos indignamos ao ver que muitas pessoas, muitos potenciais clientes, tentam chegar ao centro de Alcabideche e não sabem como, porque as ruas estão fechadas e sem sinaléctica.

Esta Câmara defende que o turismo será a  grande alavanca económica para o concelho de Cascais. Mas onde está a coerência? Não será licenciando e estimulando novas grandes superfícies no concelho que se estimula o pequeno comércio nem a restauração, aquele que seria o chamariz típico e com qualidade, para o turismo. Os turistas não querem ir jantar a um McDonalds. Querem saborear a comida típica portuguesa. Os turistas não procuram um Cascais Shopping nem um Aldi. Querem produtos locais, lojas tradicionais. Procuram o diferente, gostam do estabelecimento de rua. Só estimulando estas vertentes poderemos chamar turistas.

Como eleita em Alcabideche, não posso deixar de referir a especificidade desta freguesia no que toca à tradição de uma restauração com qualidade no centro da localidade. E de ficar profundamente pesarosa quando assisto ao encerramento constante de estabelecimentos na terra onde moro.
Em contrapartida estranho o licenciamento de outras grandes superfícies comerciais que irão dar cabo do que resta do pequeno comércio. É nestas escolhas que o Bloco de Esquerda se distancia deste executivo: nas opções políticas.

Mas pensamos que há pontos que poderemos contribuir para melhorar em conjunto. Por isso apresentamos a esta Assembleia a discussão de duas moções, uma sobre Obras, outra sobre Comércio, que gostaríamos que fossem aqui aprovadas, em benefício da comunidade.

Cascais, 27 de Novembro de 2013
O Grupo Municipal do Bloco de Esquerda,

Paulina Esteves e Gonçalo Ferrão

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